quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Hino de Mato Grosso:



Limitando, qual novo colosso,
O Ocidente do imenso Brasil,
Eis aqui, sempre em flor, Mato Grosso,
Nosso berço glorioso e gentil!

Eis a terra das minas faiscantes,
Eldorado como outros não há,
Que o valor de imortais bandeirantes
Conquistou ao feroz Paiaguá!
Salve, terra de amor,
Terra de ouro,
Que sonhara Moreira Cabral!
Chova o céu
Dos seus dons o tesouro
Sobre ti, bela terra natal!
Terra noiva do Sol, linda terra
A quem lá, do teu céu todo azul,
Beija, ardente, o astro louro na serra,
E abençoa o Cruzeiros do Sul!
No teu verde planalto escampado,
E nos teus pantanais como o mar,
Vive, solto, aos milhões, o teu gado,
Em mimosas pastagens sem par!
Salve, terra de amor,
Terra de ouro,
Que sonhara Moreira Cabral!
Chova o céu
Dos seus dons o tesouro
Sobre ti, bela terra natal!
Hévea fina, erva-mate preciosa,
Palmas mil são teus ricos florões;
E da fauna e da flora o índio goza
A opulência em teus virgens sertões!
O diamante sorri nas grupiaras
Dos teus rios que jorram, a flux.
A hulha branca das águas tão claras,
Em cascatas de força e de luz!
Salve, terra de amor,
Terra de ouro,
Que sonhara Moreira Cabral!
Chova o céu
Dos seus dons o tesouro
Sobre ti, bela terra natal!
Dos teus bravos a glória se expande
De Dourados até Corumbá;
O ouro deu-te renome tão grande,
Porém mais nosso amor te dará!
Ouve, pois, nossas juras solenes
De fazermos, em paz e união,
Teu progresso imortal como a fênix
Que ainda timbra o teu nobre brasão!
Salve, terra de amor,
Terra de ouro,
Que sonhara Moreira Cabral!
Chova o céu
Dos seus dons o tesouro
Sobre ti, bela terra natal!


"O Mato-Grossês" (sobre o sotaque mato-grossense)


Mato Grosso por ser uma região central e de difícil penetração, permaneceu isolado por muitos e muitos anos. Como tal, os grupos humanos que aqui chegaram, habituaram-se a falar um pouco diferente da linguagem dos outros centros. Eles criaram um linguajar próprio, porém usando a mesma língua portuguesa a qual sofreu influência espanhola e indígena.
O Estado começou a ser explorado pelos paulistas que também não se preocuparam com a língua. Em aqui chegando, eles misturaram o português que já sofrera diferenças no Brasil de então, com a língua indígena, além de criarem termos novos para designar novos objetos que inventaram ou descobriram.
Na verdade os exploradores viam a língua em seu verdadeiro aspecto:veículo contínuo de levar e receber mensagens. Ela é uma manifestação da cultura, por isso refletirão nela os aspectos sociais, culturais, econômicos, históricos, etc. Eles usavam a língua para entenderem e serem entendidos.

A televisão já atinge mais de 150 milhões de brasileiros. Além disso há milhares de instituições culturais em todo o país: escolas, igrejas, unidades filantrópicas, jornais, rádios, revistas, CDs e DVDs, etc. tudo isto faz com que a nossa língua permaneça una em todo o país. Mas ela é um veículo vivo e sofre modificações a cada dia.

O "tch" falado fortemente por alguns grupos do Estado vem de Portugal. Aqui ele permaneceu por causa do grande isolamento do povo e a despreocupação com a língua. Também não havia escolas, apenas algumas instituições culturais.

Segundo Franklin C. da Silva, o "tch" veio de São Paulo. Isto é verdade, mas como ele chegou lá? Trazido de Portugal, é claro. Provavelmente o "tch"e o "Dje" chegaram a Porgual vindos da Itália, já que se aproximam muito da língua italiana. Veja como as palavras se aproximam: Piangere (Piandjere-Italiano), Jogo (Djogo-Cuiabano), Vespucci (Vesputchi-Italiano), Cotchipó (Coxipó-Cuiabano) e milhares de vocábulos parecidos.

Esta pronúncia permanece apenas nos meios isolados, nas zonas rurais de Rosário Oeste, Livramento, Poconé, Guia, Acorizal, Santo Antônio, Mimoso e em Cuiabá-Várzea Grande nos lugares: Capão Grande, São Gonçalo, Guarita e muitos outros. Na zona urbana este linguajar quase desapareceu.

A linguagem agora está de mãos dadas com a língua geral do país e o povo comete os mesmos erros desde o Amazonas ao Rio Grande do Sul. Vejamos: Mulher (muié), Melhor (mió), bom (bão),homem (homi), plano (prano), problema (Pobrema). O brasileiro quase nunca usa o infinitivo. Ele diz cantá (cantar), vendê (vender) corrê (correr), etc.

Segue aqui um pequeno Dicionario de “Mato-Grossês”-“Cuiabanês”:

Abana mão - Ato de saudar , cumprimentar. Ex: “Político em época de eleição abana mão toda hora.”
Ah! Um - Expressão que indica indignação, concordância ou não. É aplicada dependendo da situação, a entonação da voz muda. Ex: “Ah! Um. Pára cô isso.”
Aguacero – Bastante água, poças de água. Ex: “Não deu prá ir lá, tava o maior aguacero na estrada.”
Apanhô prá bestera – Apanhou muito. Ex: “Ela apanhô prá bestera do marido.”
Arroz-de-festa - Denominação de quem não perde nenhuma festa . Está sempre em festa. Ex: “Arroz de festa é quem não sai da festa.”
Atarracado(a) – Abraçado, juntos. Ex: “Os dois tão atarracado ali no escuro.”
Até na orêia – Repleto, cheio, demais. Ex: “Zé Bico comeu tanto peixe, que tá até na orêia.”

Bejô, bejô, quem não bejô, não beja mais – Acabou, terminou. Ex: “Acabou o baile, bejô, bejô, quem não bejô, não beja mais.”
Berrano – Gritando. Ex: “Tomô um murro e saiu berrano.”
Bocó de fivela – Pessoa boba, burra, ignorante. Ex: “Por mais que ocê explica, ela não entende, é uma bocó de fivela.”
Bom demás – Muito bom. Ex: “Lá tá bom demás.”
Bonito prô cê – Expressão que indica quando a atitude tomada, não foi boa. Ex: “Chegô em casa bêbado, bonito prô cê.”

Catcho – Namoro, paquera, amante. Ex: “Aquele cara tá de catcho cô Maria.”
Canháem – Latido de cachorro. Expressão usada para discordar. “Você namora Maria Taquara? Canháem.”
Caínha - Quem não dá nada prá ninguém. Sempre nega. Ex: Deixa de ser caínha, dá um pedaço de paõ.”
Catchorro – Expressão de espanto de negação. Ele ficô atrás docê. Catchorro!Aqui não, sou muito home.”
Cêpo – Bom, ótimo. Ex: “O atlético Mato-Grossense era um cêpo de time.”
Coloiado(a) – Junto, próximo em grupo. Ex: “Saldanha Derzi tá coloiado cô Garcia Neto.”
Cordero(a) – Denominação de quem gosta de dar corda nas pessoas. Ex: “Não vai no papo dele, ele é cordero.”
Coxá – Relação sexual. Ex: “Os dois foram coxá.”
Constipação – Gripe. Ex: “Dona Mica pegô constipação.”
Chá por Deus - Expressão de espanto, admiração, dúvida. Ex: Chá por Deus, esse caminhão, não sobe a serra de São Vicente.”
Chuça e Rebuça – Baile. Ex: “Na guarita vai tê hoje uma chuça e rebuça.”

De jápa – Grátis, o que vem a mais. Ex: Quando se compra uma dúzia de bananas, e recebe treze unidades. “Esse adicional é a jápa.”
Demás – Expressão usada para discordar. Ex: “Cuidado. O guarda vai dá nocê.Vai, demás.”
Digoreste – Ótimo, bom, exímio. Ex: “O guri é digoreste pá pega manga.”

Ê ah! - Indagação. Ex: “Ele vem mesmo aqui? Ê ah!”
Espia lá – Olha lá, veja. Ex: “Espia lá capim já vem.”
Espinhela caída – Dor, problema na coluna vertebral .Ex: “Foi benzê da espinhela caída.”

Futxicaiada – Muito fuxico. Excesso Excesso de mixirico. Ex: “O ambiente ali não tá bom, é só futxicaiada.”
Festá – Festar, participar de festa. Ex: “Tchô Nego da Cruz foi festá.”
Foló – Folgado, largo. Ex: “Maciel usa calça foló.”

Garrô – Pegou, começou, realizou. Ex: “Ele garrô cedo no trabaio.”
Grocotchó – Pessoa mole, doente, desanimado. Ex: “Tchico tá grocotchó.”

Jacá – Cesto de palha ou taquara para guardar peixe na beira do rio e manter vivo. Ex: “Era só pegá o peixe, colocava no jacá, depois tinha sempre fresco.”
Jururú – Triste, quieto. Ex: Padre Luiz Ghisoni tá jururú na porta da igreja de Várzea Grande.”

Leva-e-tráz - fofoqueiro. Ex: “Kitú é um grande leva-e-tráz.”
Levo os córno – complicou tudo. Ex: “Agora sim, levo os córno, o dinheiro acabou.”
Lonjura – Longe, muito distante. Ex: “Nessa lonjura não dá pá ir a pé.”

Malemá – Mais ou menos. Ex: “E aí cumpadre como vai?Vou aqui malemá.”
Mujica - Prato da região, feito de peixe, liso, muqueca. Ex: “Peixada, sem mujica de pintado, não tem graça.”
Mea orêa – Minha orelha. Expressão usada para indicar quem está sem lado, sem falar o nome da pessoa. Ex: “Mea orêa aqui, tá pá morre de fome.”
Micaje – Ato de fazer imitação de alguém, fazer caretas. Ex: “Ela faz micaje de todo mundo que passa por aqui.”
Moage - Frescura. Ex: “Você não quer ir com a gente? Larga de moage!”

Na xinxa – Levar uma ação com seriedade. Ex: “Professora leva a turma na txintxa.”
Não tá nem aí pá paçoca – Não liga para nada. Não quer saber das conseqüências. Ex: Tchá Bina, não tá nem aí pá paçoca.”
Nariz furado – Veio na vontade, veio na certeza. Ex: “Chegou de nariz furado, certo que iria ganhar na conversa.”
Negatófi – Não, nunca. Ex: “Negatófi, hoje não tem televisão.”

O quá – Duvidar, não acreditar. “Ele vem aqui? O quá!”
Oreia – Pessoa burra. Ex: “Não adianta explicar, ela é oreia.”

Pá terra - cair. Ex: “Ele vinha correndo, e pá terra!”
Prá besteira – Bastante, muito, em excesso. Ex: “No saladero tem pacú prá besteira.”
Pranchei de banda – Sai, escapei, tô fora. Ex: “Pranchei de banda, não vou na rua da Lama no Porto.”
Podre de chique – Bonito, elegante, bem vestido. Ex: “Jejé tá podre de chique.”
Pongó – Bobo, tolo, idiota. Ex: “Gente Pongó não serve.”
Por essa luz que me lomea – Pra dizer que está falando sério, que não está mentindo. Ex: “Por essa luz que me lomea, eu vi uma assombração no Terceiro de Dentro.”

Quinco – Denominação carinhosa de Joaquim. Ex: “Quinco Lobo era vereador em Cuiabá.”
Que, que esse? – O que é isso. Ex: “Que, que esse? Como você apareceu aqui?”
Quá! – Expressão de espanto, indignação. Ex: “Quá! Pode esquecer ele não volta mais.”
Quebra-torto – Comer no desjejum comida reforçada como carne com arroz farofa, etc... Ex: “No sítio de manhã, sem quebra-torto é impossível.”
Quarta-feira – Pessoa boba, idiota. Ex: “O rapaz é quarta-feira.”

Rapelô – Levou tudo, ganhou tudo. Ex: “O cara rapelô o dinheiro que ele tinha.”
Rufa – Bater. Ex: “Se aparecer aqui , o povo rufa ele.”
Refestelá – Sorrir, rir. Ex: “Nico Padero é bom prá refestelá.”
Ribuça – Cobrir o corpo com lençol ou cobertor. “Tá esfriando, rebuça menino.”
Rino na chá cara – Rindo na presença de alguém. Ex: “Ocê fala, ele fica rino na chá do cara.”

Sartei de banda – Tô fora, não concordo, não quero mais. Ex: “Não tô namorando, sartei de banda.”
Sucedeu – Aconteceu. Ex: “Quando sucedeu isso?”
Sujo que tá – Imagem ruim, conceito ruim. Ex: “Ele sujo que tá, não pode participar da diretoria.”

Tá de tchico – Está menstruada. Ex: “Hoje ela não pode tá de tchico.”
Tá té no chifre – Embriagado, bêbado. Ex: “Farpelo tá no Quindú, tá té no chifre.”
Tchá mãe – Expressão características para xingar alguém . Ex: “Tchá mãe, rapaz, vá tomá na tampa.”
Toma, corno(a) – Expressão usada quando alguma coisa não acontece de forma correta. Ex: “Toma, corno . Marimbondo pegô na cara dele.”

Verdolengo(a) – Fruta que está quase madura. Ex: “Ela só come goiaba verdolenga.”
Verte água – Urinar. “Vidona foi verte água.”
Vai tomá na peidera – Vai se lascar. Ex: Se qué sabe duma? Vai tomá na peidera.”
Vôte! – Deus me livre. Expressão de medo e espanto. Ex: “Vôte! Sai daqui capeta, aplica pra tudo.”

Xispada – Mandar embora, não deixar alguém num certo local. Ex: “ Não ficou ninguém, deram uma xispada na turma.”
Xô Mano - cumprimento a um amigo, pessoa. Ex:“E aí, xô mano! Tudo jóia?”


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